segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A desatualização da versão ARC utilizada pela CCB


Por Douglas Pereira da Silva

A Congregação Cristã no Brasil, adota oficialmente em todo o território brasileiro, a versão Almeida Revista Corrigida da Bíblia Sagrada, doravante designada pela sigla ARC.

Todavia, é muito importante manisfestar neste artigo, a necessidade urgente de rever esta versão Bíblica, com a mesma dedicação e empenho com que o colegiado ministerial do Braz investiu para modificar e "melhorar" o Hinário.

Quem acompanha este blog, percebeu que os artigos teológicos são respaldados com versículos Bíblicos de diferentes versões, inclusive, com as Escrituras Hebraicas para as passagens veterotestamentárias, e a Grega para as neotestamentárias.

O bom exegeta e zeloso estudioso da Bíblia Sagrada, deve possuir no minimo, 6 diferentes versões e traduções da Bíblia Sagrada para efeito de comparação, a fim de obter das passagens Bíblicas a interpretação correta, fiel e precisa. 

Isto é extremamente necessário, pois a versão ARC adotada pela CCB, está completamente desatualizada, além disso, temos muitas variações textuais!

O leitor poderá perguntar: "Mas qual é a melhor versão da Bíblia?" Bem, a melhor versão, sem sombra de dúvidas, é a que está nos idiomas original - o Hebraico e o Grego. Porém, reconhecemos a nossa dificuldade e deficiência nesta parte, principalmente na questão dos idiomas, pois nem todos conhecem Hebraico e Grego, e ainda, a grande maioria não têm oportunidade, ou então interesse, em conhecer e aprender estas Línguas!

Elencaremos dois exemplos presente na versão ARC - certamente há muito mais, porém este blogueiro limitar-se-a somente nestes dois - que justifica a necessidade a priori, de revermos esta edição:

a) A questão de datas históricas: Em II Reis 8.26 diz que Acazias começou a reinar em Judá, com a idade de 22 anos, ao passo que em II Crônicas 22.2 informa que Acazias estava com 42 anos de idade quando começou a reinar. Antes de tudo, embora os livros sejam diferentes, é importante observar que o personagem narrado nos dois livros é o mesmo; trata-se de Acazias, o filho de Jeorão. Os teólogos que se dedicam na área da Critica Textual, descobriram que este erro foi ocasionado por copistas - este caso foi explicado no artigo "Há erros na Bíblia?" , click no título e confira - mas já se sabe através de um minucioso estudo de História, que a informação de II Crônicas 22.2 (42 anos) está errada, pois implicaria que Acazias fosse mais velho do que seu pai - o que é impossível! A resposta correta é II Reis 8.26, portanto, 22 anos. Em outras versões as sociedades Bíblicas já corrigiram este erro.

b) A questão dos verbos gregos na epístola de João: Há um versículo na epístola de João, que, caso o leitor não conheça o Grego, vai entender que os crentes convertidos, não pecam mais: “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus” (I João 3.9 - ARC). É justamente com base neste versículo, que a CCB criou a heresia do "crente não peca depois de batizar" - este caso também foi explicado no artigo "Quem é nascido de Deus não Peca?", click no título e confira. Segundo informações de fontes históricas, foi precisamente o ancião Vitório - muito antigo e um dos pioneiros da CCB - que formou esta errônea doutrina na década de 1950; e por que? Porque ele só tinha acesso a versão ARC; além disso, desconhecia completamente o contexto da epístola, e, obviamente, o idioma Grego. Para entender isso precisa conhecer minuciosamente o contexto de João, além de entender que a carta não foi escrita em Português. Pois bem, João em I João 1.8-12 e I João 2.1-2 diz, respectivamente, que "se dissermos que não pecamos somos mentirosos", e que, "se alguém pecar, temos um advogado, que é Cristo". Neste ponto, infelizmente enfatizamos um equivoco: na mente do ccbeiano quando ele ouve a palavra "peca" associa logo a sexo ilícito, mas o apostolo João - autor da epístola - não tinha isso em mente quando escrevia a epístola. Então, em I João 3.9, ele diz que "todo aquele que é nascido de Deus não peca". Mas como, se ele disse anteriormente que todos pecamos? A resposta para esta aparente contradição, encontramos na Língua Grega. João utilizou uma palavra que deveria ter sido traduzida como "Aquele que é nascido de Deus não vive no pecado". A versão ARC que é publicada pela editora Sociedade Bíblica do Brasil já corrigiu este erro. Inclusive, no prefácio de um exemplar da 4° edição desta Bíblia, que foi revista em 2009, consta as seguintes informações:
"Alguns verbos em I João 3, mais precisamente nos versos 4, 6, 8, 9 do referido capitulo, tiveram a sua tradução revista para refletirem com mais exatidão e clareza o sentido dos verbos do texto original grego, língua em que o Presente e o Particípio Presente indicam ação continua, costumeira, habitual. Assim, I João 3.4 passa a ter “qualquer que prática o pecado” em vez de “qualquer que comete o pecado”, e I João 3.6 passa a ter “qualquer que permanece Nele não vive pecando” em vez de “qualquer que permanece Nele não peca”. Caso semelhante ocorre em I João 5.18; que passa a ter “aquele que é nascido de Deus não vive pecando” em lugar de “aquele que é nascido de Deus não peca”.Todas as demais características do texto permanecem, e o mesmo agora retorna enriquecido e aprimorado como ALMEIDA REVISTA e CORRIGIDA – 4° edição para uso do povo de Deus, considerando-se a revisão de 1898 como a 1° edição, a de 1969 como a 2° edição e a de 1995 como a 3° edição. Que Deus continue abençoando a leitura e a proclamação de sua Palavra entre nós!"
Quão bom seria irmãos, se tivessem especialistas em Bibliologia no ministério do Braz para tomar a urgente decisão com o conselho dos anciães mais antigos, de adotar uma outra versão das Escrituras Sagradas! 

Bem que poderiam continuar com a ARC, desde que fosse uma versão revisada - tal como a da Sociedade Bíblica do Brasil.

Muito melhor seria, se tivéssemos Escola Bíblica Dominical, ou algum culto semanal, voltado especificamente para o exame das Escrituras Sagradas; mas isso já é um assunto para outro post.

E você querido leitor, qual versão da Bíblia Sagrada utiliza em seus devocionais?

(Para encerrar, irei descrever abaixo - apenas como título de curiosidade e informação - as versões Bíblicas utilizadas em meus estudos).

ARC - Almeida Revista Corrigida (exemplares da editora Geográfica e Sociedade Bíblica do Brasil)
ACF - Almeida Corrigida Fiel
ARIB - Almeida Revisada Imprensa Bíblica
ACRF - Almeida Corrigida e Revisada Fiel
NVI - Nova Versão Internacional
BJC - Bíblia Judaica Completa
BH - Bíblia Hebraica
BJ - Bíblia de Jerusalém
BKJ - Bíblia King James
NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje
ARA - Almeida Revista Atualizada
JFA - João Ferreira de Almeida, publicada em 1819
BAV - Bíblia Ave Maria
BHS - BÍBLIA HEBRAICA STUTTGARTENSIA
NA - Nestle - Aland (Nuevo Testamento en Griego)

domingo, 28 de setembro de 2014

Uma concisa analise Exegética da passagem de Hebreus 6.4-6


Resultado de imagem para a queda dos iluminados

Por Douglas Pereira da Silva

Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. (Hebreus 6:4-6)

A passagem que agora ocupa a nossa atenção, têm sido indevidamente, usada e aplicada equivocadamente, para ensinar (ensinar?) que após o batismo, se o cristão cair em pecados de ordem sexual, este estará eternamente perdido e nunca mais poderá ser renovado para o arrependimento, isto é, o tal caiu da "GRAÇA".

No dia 4 de março de 2014, foi publicado o artigo "O que é cair da graça?" , todavia, muitos estão duvidosos em relação à explicação que foi dada neste assunto.

Muitos irmãos ainda insistem, que esta passagem está falando de alguém que se batizou na CCB, e depois cometeu pecados de fornicação ou adultério; e é explicita tal ideia, conforme demonstra um comentário endereçado a este autor:
“RENOVADOS” está falando que não tem mais como renovar para arrependimento, uma vez que já fez o concerto no santo batismo. Pois essas pessoas que fizeram o concerto e se contaminaram com o pecado mortal, estão colocando o filho de Deus ao vitupério. O filho de Deus morreu uma vez só na cruz, logo depois de perdoar os pecados dos que fizeram o concerto, como pode voltar a sujeira??????"  
O autor do comentário, comete um gravíssimo erro exegético ao dar esta explicação. 

Ele está praticando uma técnica de interpretação, que foi tenazmente condenada pelos reformadores do século XVI, Martinho Lutero e João Calvino, justamente, pelo fato da mesma abrir precedentes à toda sorte de imaginação da criatividade do interprete, gerando, obviamente, a formulação de heresias.

A esta técnica, dá-se o nome de EISEGESE, que significa atribuir, agregar e acrescentar significados aos textos Bíblicos, os quais o escritor sagrado, sequer tinha em mente tais explicações e significados!

Observem a EISEGESE que ele fez, pois em momento algum de Hebreus 6.4-6, o autor da epístola fala de "concerto pelo batismo" e "pecado mortal", tal como sugere o comentarista.

Ele ainda prossegue na sua EISEGESE, transcrevendo uma passagem Bíblica, completamente fora do contexto das Escrituras Sagradas, atribuindo cada vez mais, significados e explicações conforme a criatividade de sua mente, para concordar com a interpretação e o costume de sua religião, cujo o autor original da epístola, jamais pretendia dizer:
Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro.Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado;Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.
(2 Pedro 2:20-22)
“O CÃO VOLTOU AO SEU PRÓPRIO VÔMITO, E A PORCA LAVADA AO ESPOJADOURO DE LAMA” 
Diletos irmãos, não vou me ater na explicação exegética desta passagem que ele mencionou em seu equivocado comentário, pois já foi realizada no artigo "O cão e a porca" publicado no dia 21 de julho de 2014 por este modesto blogueiro; caso desejarem entender a passagem em apreço - II Pedro 2.20-22 - basta clicar no título.

O autor do comentário, tentando explicar e justificar a heresia da CCB, é enfático e insistente, na teimosia em cometer o devaneio de fazer EISEGESE com o texto sacro:
"Então meu querido irmão, o texto de Hebreus 6 não está se referindo a não convertidos, e sim os que foram batizados, esses não tem como renovar para arrependimento. Esse texto criado por algum pastor de carne e osso está totalmente distorcido e fora de contexto".
Aonde em Hebreus 6.4-6 está falando de crentes que foram batizados nas águas, e cometeram adultério e fornicação logo depois? De onde ele tirou no texto sagrado, esta interpretação? 

Este blogueiro já pesquisou esta passagem em mais de 6 versões e traduções diferentes das Escrituras Sagradas, e não encontrou esta informação! 
Tenho a impressão de que o comentarista deve usar uma versão Bíblica completamente diferente! 

Será uma nova tradução das Escrituras Sagradas?

O que será então, que ele pretendia dizer no comentário, em sua última frase quando falou: 
"Esse texto criado por algum pastor de carne e osso está totalmente distorcido e fora de contexto".
Bem, que o autor de Hebreus 6.4-6 era de carne e osso isso é verdade, pois afinal, embora estivesse inspirado por Deus para escrever a passagem com sua pena, ele não deixou de ser um mero comedor de arroz e feijão, isto é, um ser humano como qualquer um de nós! 

Agora, dizer que o mesmo está distorcido e fora de contexto... Isso é GRAVÍSSIMO!

Sutilmente, o comentarista esta relativizando a palavra de Deus, afirmando que a mesma não é verdadeira, isto é, que há acréscimos humanos e que, portanto, pode haver alguma passagem que não foi inspirada por Deus!

(Sinceramente, nem vou entrar neste mérito!).

Parece que o comentarista, é um exímio especialista na arte de fazer EISEGESE:
"A palavra de Deus não pode ser mentirosa irmão, QUEM É NASCIDO DE DEUS NÃO PECA, é ai que o irmão precisa entender. Está escrito mesmo na palavra, se alguém confessar que não tem pecado, se torna um mentiroso perante Deus. Esse pecado que o Salvador perdoa, que nos purifica, não é o de blasfêmia contra o Espírito Santo. Portanto, não compare todos pecados no mesmo peso. A palavra está lúcida, “HÁ PECADO QUE É PARA MORTE E HÁ PECADO QUE NÃO É PARA MORTE”. Por isso que está escrito dentro da palavra de Deus". [...] Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca”. (1 João 5:18) Logo, quem é verdadeiramente nascido de Deus, não peca o pecado mortal".
Com relação a estes conceitos que o comentarista pontuou, há analises exegéticas destas passagens, nos artigos "Quem é nascido de Deus não Peca?" e "Afinal, o que é pecado de morte?" publicados também, neste blog - basta clicar nos títulos e conferir.

A concepção deste “pecado mortal” imperdoável, atribuído a pratica de adultério e fornicação, foi uma heresia que surgiu em 198 d. C., com Montano. Atualmente, a ICAR - Igreja Católica Apostólica Romana - segue apenas uma parcela desta heresia; pois a Hamartiologia Católica Romana, classifica os pecados como: Veniais, e Mortais!

É perceptível que o comentarista sustenta a velha e conhecidíssima heresia ccbeiana, onde ensina que o "crente não peca após o batismo", surgida na CCB na década de 1950.

Foi o ancião Vitório - muito antigo e um dos pioneiros da CCB - que formou esta errônea doutrina; e por que? Porque ele só tinha a Versão ARC - Almeida Revista Corrigida - da Bíblia Sagrada, cometendo o erro de empregar o verso de forma isolada, desconsiderando completamente todo o contexto da epístola de João.
  
Bem, vamos então fazer a exegese da passagem aludida:

O texto em epígrafe, está falando do pecado de APOSTASIA, e não de pecados de ordem moral!

Todos os queridos irmãos que acompanham as postagens aqui no Teologando, já devem estar "carecas de saber" - assim presumi este autor - que o Novo Testamento foi escrito originalmente no idioma GREGO! 

É justamente neste importante detalhe que muitos, por não terem o zelo de examinar as Escrituras, tropeçam.
O significado da palavra CAIR ou RECAÍRAM - dependendo da versão Bíblica utilizada podem aparecer um destes dois verbos - não é o mesmo que pecar!

O significado da palavra "cair" ou "recaíram" nesta passagem, é APOSTASIA, completa, definitiva e deliberada. Para provarmos este irrefutável e inegável fato, vamos ao texto Original na versão Grega:
4 - αδυνατον γαρ τους απαξ φωτισθεντας γευσαμενους τε της δωρεας της επουρανιου και μετοχους γενηθεντας πνευματος αγιου 5 - και καλον γευσαμενους θεου ρημα δυναμεις τε μελλοντος αιωνος 6 - και παραπεσοντας παλιν ανακαινιζειν εις μετανοιαν ανασταυρουντας εαυτοις τον υιον του θεου και παραδειγματιζοντας (προς Εβραίους 6.4-6)
Irmãos, observaram na passagem original, precisamente no versículo 6, a palavra destacada em vermelho? 

Vou destacar ela abaixo, e discorrer detalhadamente sobre o seu significado:
παραπεσοντας

Transliterando para a nossa Língua Portuguesa, temos: parapesountás.

Este verbo, no Grego, está no aoristo ativo apontando para uma ação simples. 

A Tradução correta é: Arremessar-se para Fora; e não CAIR ou RECAÍRAM, conforme está escrito em nossas traduções para a Língua Portuguesa.

Esse verbo é encontrado apenas nesse versículo em todo o Novo Testamento, cuja raiz significa “cair para o lado”, dando a entender o desvio de um padrão ou caminho certo.

O professor Wanderley Nunes, comenta muito bem este fato, ao dizer:
O cerne da questão se encontra na impossibilidade da renovação da fé daqueles que se desviaram do padrão ou caminho certo: “É impossível [...] serem renovados para uma mudança de mentalidade”; para em seguida notar-se claramente a conexão com o vocábulo “caíram” - transmitindo a ideia de uma ação deliberada - “estão crucificando para si mesmos o filho de Deus e o expondo a ignomínia”, pois quando o texto grego axiomaticamente declara: “recrucificam” a Jesus e o expõe à vergonha, está, portanto, apontando para a ideia de alguém que abandonou a fé, e fez-se contrário a Cristo, a ponto de tornar-se avesso a sua pessoa e doutrina, de modo similar aos que rejeitaram ao Senhor, o prenderam, aviltaram de todas as formas, inclusive despindo-o publicamente, e por fim o crucificaram (Mateus 27.27-31, Lucas 23.11 e João 19.2,3). Parece muito patente que o propósito do escritor de Hebreus é falar do perigo da apostasia. É pertinente observar que em nenhum momento do texto ele se referiu a alguém que experimentou a salvação e depois a perdeu, e sim aqueles que experimentaram uma iluminação e algumas das benesses divinas e depois apostataram. Outro fator importante é quando está sendo finalizada a perícope, há uma analogia muito esclarecedora no que concerne a mensagem que se deseja transmitir, pois no versículo sete é dito que a terra que, beneficiada pela chuva, responde positivamente com bons frutos, receberá indubitavelmente a bem aventurança da parte de Deus. Tal analogia lembra as palavras ditas por Jesus: “Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo, assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7.19,20). Isso aclara a premissa de que só se pode dar fruto segundo a sua espécie “[...] não se colhem figos de espinheiro, nem dos abrolhos se vindimam uvas.” (Lucas 6.44). Seguindo tal pensamento, conclui-se que só uma terra boa dará bons frutos. De modo lógico, se chegará à conclusão que só mesmo uma terra má produzirá espinhos e abrolhos, sendo isso uma simples manifestação da sua natureza, cujo destino final segundo a afirmação de Hebreus, é ser queimada.
Ele continua em seu artigo - "Comentário hermenêutico de Hebreus 6.4-8 - A salvação pode ser perdida?" - dizendo:
"Se o texto estivesse falando, que mesmo depois de se conhecer o Evangelho, ter chegado a entender o plano salvífico, desfrutado das bênçãos da comunhão cristã, e depois por algum motivo cometer pecado ou “desviar-se” se perderia a salvação, seria aberto um precedente de consequências no mínimo desastrosas. Isso implicaria na dedução lógica, que após alguém ter conhecido a verdade e depois cometer pecado ou tê-la abandonado, não teria mais a possibilidade de arrependimento. Um dos maiores exemplos neotestamentário da possibilidade de arrependimento pode ser observado na figura do apóstolo Pedro. Negou não só ser discípulo de Jesus, como até mesmo conhecê-lo. (Mateus 26.69-75) - Vale salientar que todos os outros discípulos também abandonaram o mestre - Pedro, porém, foi sensível à voz de Deus, quando do convite ao retorno à comunhão (Marcos 16.7), confessando diante dos companheiros sua fé e amor ao Senhor (João 21.15-17). Na epístola a Timóteo, Paulo fala claramente da possibilidade daquele Cristão que teve seus sentidos embotados pelo engano do pecado, e “desviou-se” da verdade, poder, outrossim, se arrepender (II Timóteo 2.25,26) retornando à verdade apostólica. Na sua homilia aos Coríntios, Paulo lembra uma forte exortação que lhes dirigira, todavia, explicita que tal atitude trouxe arrependimento da parte de Deus conduzindo-os à vida (II Coríntios 7.9,10). Outro exemplo encontra-se na repreensão feita à Laodicéia: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, Zeloso e arrepende-te” (Apocalipse 3.19). Muito embora esse trecho, sobretudo o versículo 20, seja usado comumente para o evangelismo de descrentes, sabe-se ser essa aplicação deficitária e equivocada, pois a palavra é dirigida à Igreja de Laodicéia, uma das sete Igrejas da Ásia (Apocalipse 1.4). A chamada ao arrependimento é feita “a crentes desviados” da fé genuína, a despeito de serem Cristãos professos. Logo se pode observar a interpretação dada ao texto de Hebreus 6, abrindo precedente para a possibilidade da perda da salvação para aquele uma vez salvo, ser incoerente com a doutrina bíblica da salvação, pois se assim fora, não haveria chance de arrependimento para nenhum Cristão que de algum modo tenha se afastado por algum tempo da sua fé, sendo vedado os céus a todos os servos de Deus em todos os tempos que fracassaram. Estariam excluídos dessa relação: Jonas, Davi, Moisés, Elias, Pedro... E uma lista infindável de personagens que as sagradas letras afirmam terem sido homens dos quais o mundo não era digno (Hebreus 11.38). A salvação bíblica, todavia, é gratuita (Efésios 2.8) e irrevogável (João 10.27,28) como todo dom Divino (Romanos 11.29)".
E concluí:
"Hebreus 6.4-6 é um trecho que não pode ser tomado como uma interpretação de que o Cristão está sujeito a perder a salvação após tê-la recebido se vier a cometer algum pecado de quaisquer natureza, pois tal proposição traz consigo sérias implicações de cunho hermenêutico e exegético como: (a) Se alguém servir a Jesus e posteriormente “desviar-se” da fé e pecar, não haverá possibilidade de arrependimento e estará invariável e eternamente perdido. (b) Por esse prisma, a salvação deixa de ser um dom gratuito para tornar-se uma conquista meritória, cuja responsabilidade por sua manutenção é total e inexoravelmente humana, consequentemente, passível de ser perdida. (c) Seguindo essa linha interpretativa, o crente fraco não poderá encontrar ensejo de salvação, já que vez por outra fracassa na fé, não havendo assim chance de uma suposta comunhão que o conduza ao nível de fé desejável".

Destarte, Hebreus 6.4-6 não está falando de crente que caiu em pecado de natureza sexual ou seja lá de qual for; mas esta falando de παραπεσοντας, isto é, de APOSTASIA final, definitiva e deliberada.

Se a passagem estivesse aludindo à crentes que cometeram pecados após o batismo, seja adultério ou fornicação, no lugar da palavra παραπεσοντας - que na tradução para a língua portuguesa significa "arremessar-se para fora" - deveria aparecer os seguintes verbos e sentenças, do idioma grego:

a) Μοιχεία: A tradução deste verbo para a Língua Portuguesa é "adulteraram", ou "adulterar";

b) πεπορνευμένος: A tradução deste verbo para a Língua Portuguesa é "Fornicaram";

c) πορνεία: A tradução deste verbo para a Língua Portuguesa é "Fornicação";

d) αμαρτίαA tradução deste verbo para a Língua Portuguesa é "Pecado";

e) αμαρτήσει: A tradução deste verbo para a Língua Portuguesa é "Pecaram";

f) Έπεσε σε σεξουαλική αμαρτία: A tradução desta frase para a Língua Portuguesa é "Caíram em pecado sexual";

g) Ασκείται σεξουαλική αμαρτία μετά το βάπτισμα στο νερό: A tradução desta frase para a Língua Portuguesa é "Praticaram o pecado sexual após o batismo nas águas".

A interpretação de que se trata - indubitavelmente - da APOSTASIA, fica ainda muito mais evidente, quando verificamos os versos na edição NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Nesta versão Bíblica, o tradutor emprega o verbo "abandonar" ao invés de "cair" ou "recaíram". Observem:
"Como é que as pessoas que abandonaram a fé podem se arrepender de novo? Elas já estavam na luz de Deus. Já haviam experimentado o dom do céu e recebido a sua parte do Espírito Santo. Já haviam conhecido por experiência que a palavra de Deus é boa e tinham experimentado os poderes do mundo que há de vir. Mas depois abandonaram a fé. É impossível levar essas pessoas a se arrependerem de novo, pois estão crucificando outra vez o Filho de Deus e zombando publicamente dele". (Hebreus 6.4-6, NTLH)

Na edição BAV - Bíblia Ave Maria - versão utilizada pelo publico católico, é ainda, muito mais claro do que a luz do dia. O tradutor desta versão, ao invés de empregar os verbos "abandonar", "cair" ou "recaíram", ele coloca a partícula "caíram na apostasia":
"Porque aqueles que foram uma vez iluminados saborearam o dom celestial, participaram dos dons do Espírito Santo, experimentaram a doçura da palavra de Deus e as maravilhas do mundo vindouro e, apesar disso, caíram na apostasia, é impossível que se renovem outra vez para a penitência, visto que, da sua parte, crucificaram de novo o Filho de Deus e publicamente o escarneceram". (Hebreus 6.4-6, BAV)
De um modo geral e mais amplo, o apostata é aquele que abandona de forma definitiva a Fé cristã (I João 2.19), portanto, é alguém que não têm a menor preocupação em buscar a misericórdia de Deus depois de ter pecado, muito pelo contrário! 

O apostata é alguém que abandona e rejeita conscientemente a Fé cristã, de forma plena e definitiva para nunca mais voltar, e decide viver um estilo de vida pecaminoso e não se importa com Deus, não se preocupa com a sua salvação, pois sua mente já foi cauterizada, sua consciência já foi morta pelo pecado, ou seja, não é o caso daquele crente que por causa da fraqueza de sua carne, cometeu algum tipo de pecado, e agora está triste, angustiado, envergonhado, preocupado com a sua salvação, e que busca clamar a Deus por misericórdia e perdão todos os dias.


Em seu comentário sobre o livro de Hebreus, publicado em 1549, o reformador francês João Calvino, observa tal fato:
"Ainda que isso pareça duro, não há razão para lançar sobre Deus a culpa de crueldade quando alguém sofre tal penalidade simplesmente em virtude de sua rebelião. Esse fato não é inconsistente com as demais passagens bíblicas onde a misericórdia de Deus é oferecida aos pecadores tão logo suspirem por ela (Ezequiel 18.27). [...] Todos aqueles que apostatam vêm para este clímax: ou são atingidos por profunda insensibilidade e ausência de temor, ou amaldiçoam a Deus, que é o seu Juiz, por não conseguirem escapar Dele." 
Não é o caso também daqueles filhos pródigos que se apostataram da fé parcialmente, isto é, não de forma definitiva, completa e deliberada; e que agora desejam voltar correndo para os braços do Pai - tal como aconteceu na parábola contada por Jesus em Lucas 15.11-32.

Tal passagem se encaixa perfeitamente na vida de Judas Iscariotes, que fazia milagres, expulsava demônios, experimentou os poderes do mundo vindouro, andou pessoalmente com Jesus na terra ouvindo os seus ensinamentos, foi participante do Espírito Santo, e, todavia, nunca foi crente de verdade, nunca nasceu de novo pois o seu interesse não era servir a Deus, e muito menos obter o perdão dos seus pecados; o interesse de Judas consistia em sua nítida e perceptível ganancia pelo dinheiro (João 12.4-6; Mateus 26.14-16). Tanto que no final das contas, Judas se desviou voltando para o seu PRÓPRIO LUGAR (Atos 1.25).


Para concluirmos o nosso estudo, finalmente, apresento mais uma evidencia de que a passagem não está falando de crentes batizados que caíram em pecados de fornicação e adultério:


Fazendo uma analise gramatical nos versos aludidos, observa-se que o autor emprega o verbo na 3° pessoa do plural:

"os que já uma vez foram iluminados, e provaram... e se fizeram (6:4)... e provaram (6:5)... e recaíram... crucificam... expõe (6:6).
E depois, volta a falar com os crentes ao empregar o verbo na 2° pessoa do plural, no versículo 9:
"mas vós" (6:9), "da vossa obra", "mostrastes", "servistes", "servis" (6:10).
Em momento algum, nos versículos de 4 à 6, ele emprega os verbos na 2° pessoa do plural; pois se não, o autor da epístola teria dito:
"vós que uma vez fostes iluminados, e provastes, e vos fizestes, e recaístes, crucificais, expondes".
Perceberam queridos leitores, este detalhe de suma relevância para a correta interpretação?

Portanto, Hebreus 6.4-6 não esta falando de crente que se batizou nas águas e depois pecou posteriormente por causa da fraqueza de sua carne!

Ufa... [risos], será que a presente dissertação exegética ficou claro para o entendimento - de uma vez por todas - deste assunto?

Que Deus nos abençoe e ilumine nossas mentes e corações, para aprendermos cada vez mais os ensinos da Bíblia Sagrada!


terça-feira, 23 de setembro de 2014

A penitencia do último banco na Congregação Cristã no Brasil


Por Onicio Fabri

São muitas as histórias de pessoas que por cometerem pecados tinham que sentar-se no último banco da CCB, o chamado “banco da misericórdia”, não sei se isto ainda é uma prática comum em algum lugar deste país. Mas, uma coisa é certa, era um procedimento vergonhoso, cruel, antiético e desumano, quem cometia pecados principalmente os de ordem sexual como fornicação e adultério, estava fadado ao desprezo total, humilhação, olhares tortos e definitivamente condenado a sentar-se no banco da misericórdia, e aguardar pelo resto da vida o dia do juízo final.

Segundo a concepção religiosa, ali no último banco estavam os “pecadores DE morte” “os caídos da graça” que na cabeça impensante, ou na caixa craniana sem cérebros dos pseudos ministros, aquelas almas não tinham mais direito a salvação. O fatídico último banco na CCB foi por muito tempo palco com histórias de filmes de terror.

Por ser uma época com pouca membresia, geralmente havia poucas pessoas nos dias de cultos, e o ministro que subia no púlpito para presidir, pedia para os irmãos e irmãs que estavam sentados lá atrás fossem para frente, e logo já emendava com uma frase infeliz e horrorosa dizendo: “os pecadores DE morte, os “desviados” podem ficar aí mesmo no último banco" - quantas vezes eu ouvi isso - "Aqueles que pecaram fiquem sentados no último banco, quem sabe a misericórdia de Deus te alcança no último dia".

Eu vivi esta época no interior do Paraná, década de 60, 70 e até 80, eu ainda um jovenzinho que mal estava começando uma vida Cristã já repudiava aquelas barbaridades, o pregador dizia que Deus estava mostrando para ele que ali tinha pecadores DE morte, as vezes ele falava com tanta eloquência que a igreja toda glorificava e alguns até manifestavam em línguas, eu me questionava muito, eu chorava por dentro: será que isto está certo? Será que é Deus mesmo falando na boca desse homem?

As palavras eram extremamente pesadas, dirigidas de uma forma indireta atacando aquelas almas que estavam ali buscando algumas migalhas, alguma esperança e refrigério para os seus corações. Como era triste conviver com aquele desamor, eles julgavam, sentenciavam e condenavam como se estivessem assentados no trono de Deus. Eles não sabiam o que era amor fraternal, amor ao próximo, por não examinar as Escrituras Sagradas, eles não aceitavam o seu próximo que mesmo tendo caído em tentação e pecado, estava ali assentado no último banco buscando de Deus o perdão e a misericórdia.

O ano era 1975, eu estava congregado em uma CCB no interior Paranaense, e o pregador começou a dizer: "Esta igreja hoje está com cheiro de defunto, você pecador DE morte que entrou aqui esta noite volte para o seu lugar, o seu lugar é no cemitério, você está morto e deus - com "d" minusculo mesmo - não te quer mais aqui, você sujou as tuas vestes..." no final do culto fui saber que era um rapaz que havia fornicado. 
Meu Deus! Como foi difícil ver e ouvir aquele infeliz proferindo aquelas palavras de condenação para aquele rapaz.

1 Corintios 6:9-10 - "Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus".

A verdade é que muitas almas que assentaram-se no último banco da CCB, receberam uma sentença, inescrupulosa, covarde, cruel e desumana, num julgamento feito por homens errantes e falhos, homens que nunca chegaram a conhecer e praticar o verdadeiro evangelho de Cristo, porque diziam e pregavam que a “letra mata”...

Mas a justiça de Deus haverá de prevalecer e esses terão que ficar diante do tribunal de Cristo e prestar contas daquelas almas que eles enterraram vivas.

Sobre o Autor: Onicio Fabri é cristão, piedoso servo de Deus, pensador e apologista, é membro da Congregação Cristã no Brasil e ilustre colaborador adjunto do blog Teologando.

domingo, 21 de setembro de 2014

O cerceamento da liberdade na Igreja, e sua respectiva devolução ocasionada pelo arrependimento, visando a restauração espiritual, e a re-integração do crente na comunhão da comunidade cristã.


Por Onicio Fabri

Exposição de I Coríntios 5.1-5 e II Coríntios 2.1-8

Quem tem o hábito de ler as Escrituras e o desejo de adquirir conhecimentos bíblicos, sabe que o Apóstolo Paulo era o responsável pela igreja em Corinto-Grécia, e o autor das cartas aos Coríntios.

Um determinado dia, o apóstolo Paulo ficou sabendo que na igreja de Corinto havia um moço que fornicava / adulterava com a mulher do seu próprio pai - sua madrasta - e aí, tomado por um sentimento de rejeição e ira, Paulo decidiu escrever ao ministério de Corinto ordenando que aquele moço fosse excluído da comunhão da igreja... e assim ele fez; vejam:

"Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem possua a mulher de seu pai. Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação. Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei, como se estivesse presente, que o que tal ato praticou, Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, Seja, este tal, entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus". (1 Coríntios 5:1-5)

Mas, passado algum tempo, o apóstolo Paulo refletiu bastante sobre o que ele havia determinado ao ministério de Corintos, e tomado por um sentimento de tristeza e compaixão, ele decidiu escrever a segunda carta ao ministério determinando que o TAL moço fosse reintegrado a comunhão da igreja. Vejam:

"Mas deliberei isto comigo mesmo: não ir mais ter convosco em tristeza. Porque, se eu vos entristeço, quem é que me alegrará, senão aquele que por mim foi contristado? E escrevi-vos isto mesmo, para que, quando lá for, não tenha tristeza da parte dos que deveriam alegrar-me; confiando em vós todos, que a minha alegria é a de todos vós. Porque em muita tribulação e angústia do coração vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que vos entristecêsseis, mas para que conhecêsseis o amor que abundantemente vos tenho. Porque, se alguém me contristou, não me contristou a mim senão em parte, para vos não sobrecarregar a vós todos. Basta-lhe ao tal esta repreensão feita por muitos. De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza. Por isso vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor". (2 Coríntios 2:1-8)

Portanto, meus irmãos e irmãs, o próprio apostolo Paulo determinou ao ministério de Corinto que perdoasse o TAL moço pecador e reconduzisse a comunhão da igreja... 


OS NOSSOS MINISTROS DE HOJE PRECISAM URGENTE ESTUDAR A BÍBLIA, PREGAR E PRATICAR O VERDADEIRO EVANGELHO DE CRISTO.


ERRATA: "A origem do "pecado de morte": O NOVACIANISMO"


Por Douglas Pereira da Silva

Queridos e Diletos leitores do Teologando,

A presente ERRATA tem por objetivo, corrigir a informação contida no artigo "A origem do "pecado de morte": O NOVACIANISMO", escrito e publicado por este modesto autor, aqui neste LINK, no dia 5 de Maio de 2014.

Argumentei no mesmo que, após uma concisa pesquisa realizada em um brevíssimo estudo acerca das heresias que surgiram durante os primeiros séculos do cristianismo, isto é, na denominada era Patrística, a conhecidíssima e famigerada Heresia por nome de "Pecado de Morte", surgiu com NOVACIANO em 251 d.C., após um cisma que ocorreu em razão da oposição deste pela eleição do Papa Cornélio (? - 253 d. C.).

Todavia, tal informação esta INCORRETA!

Após um minucioso e cuidadoso estudo realizado por este autor, à respeito das Heresias que surgiram nos primórdios da Igreja - feito de forma sistemática com livros e artigos especializados no assunto pelo universo acadêmico - foi constatado e confirmado, precisa e indubitavelmente, que esta maléfica "doutrina" surgiu com um movimento herético chamado de MONTANISMO, em 198 d. C. 
Na verdade, o que Novaciano fez em 251 d. C., foi apenas "copiar" e implementar em sua seita, por assim dizer, alguns credos e pontos de Fé, semelhantes do Montanismo.

A seguir, será retificado com maiores detalhes, a origem desta Heresia.
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Nascido na Frígia, Ásia Menor, por volta dos anos 155 - 160, Montano tornou-se sacerdote do deus Apolo Lairbeno. 


Convertido ao cristianismo alguns anos depois, sentiu-se num dado momento, não só o porta voz, mas - pasmem, meus queridos leitores! - a encarnação do Espírito Santo.


Afirmava que o Paráclito prometido em João 14.26; 16.7, se encarnara em sua própria pessoa. Apresentava-se como a presença viva do Espírito Santo, afirmando categoricamente, ser ele a revelação perfeita, e ainda, sentia-se a maior autoridade, dizendo estar acima das Escrituras Sagradas! De acordo com documentos históricos e escritos analisados por historiadores da Igreja, Montano dizia: "Vim, não como anjo ou mensageiro, mas como o próprio Deus Pai"; em outras de suas falas, também dizia: "Vede, o homem é como a lira, e eu sou o arco; o homem dorme, e eu velo...".


Bem, se já achamos muita pretensão de um ser humano, em pleno século XXI, declarar-se sendo o próprio Jesus Cristo na terra - tal como vemos no fanfarrão do Henry "Cristo" - imagine então como foi em pleno século II do cristianismo, um sujeito declarar-se sendo a encarnação do Espírito Santo?



Após ser excomungado, e sua estranha teologia ter sido condenada, pelo papa Vítor em 198 d. C. - claro que seria excomungado, afinal, Montano conseguiu superar as heresias surgidas no período patrístico com suas obsessões - fundou um movimento fanático que vivia segundo as revelações proféticas sem fundamentação bíblica, não havia uma exegese e interpretação sólida - (muito familiar este método de pregação, não é mesmo?). Suas preleções deixavam apreensivas e oprimidas as pessoas que ouviam suas mensagens fantasiosas sobre o fim do mundo.

Assim surge, então, o montanismo

As idéias e as crenças que foram elaboradas por Montano, para doutrinar os seus seguidores, podem ser organizadas pelas seguintes súmulas:

a) Fé incondicionada de seus adeptos, obediência às suas ordens e uma moral rígida, dura, rigorosa, uma prática ascética de jejuns severos;

b) Aconselhamento e encorajamento ao martírio, interdição do matrimonio, especialmente das segundas nupcias;

c) Após o batismo, quem pecasse não poderia esperar novo perdão dos pecados, como o adultério e a apostasia, pois considerava tais pecados "a morte" para seus praticantes (Essa "doutrina" também é muito familiar);

d) Era proibido severamente, o uso de ornamentos nas mulheres (como uso de maquiagens, brincos, perfumes etc.), a aceitação de cargos públicos era terminantemente proibida. (Isso também é muito familiar, não é mesmo?). 

Observem que os ensinamentos desta seita tão antiga - século II e III da era cristã - para nossa tristeza e decepção, ainda, infelizmente, é praticada em pleno século XXI, pela denominação deste autor, e demais igrejas com algumas exceções, que estão ligadas na mesma fé e doutrina, sob o nome de "pecado de morte" - o qual já refutamos no artigo "Afinal, o que é "pecado de morte"?"

Vou continuar orando para que Deus limpe a sua igreja destes entulhos religiosos, que servem apena para dizimar milhares de almas, transformando a graça numa verdadeira desgraça com esta satânica "doutrina".

Mais uma vez, encerro clamando: SOLA MISERICÓRDIA!

BIBLIOGRAFIA


FRANGIOTTI, Roque. História das Heresias (séculos I - VII) - Conflitos Ideológicos Dentro do Cristianismo. São Paulo: Editora Paulus, 1995.


ATENÇÃO: A dissertação do presente texto, fez-se necessária, a fim de propagar conhecimento histórico e corrigir a informação do artigo anterior mencionado no principio desta Errata. Este autor pretende, desta forma, confirmar e ratificar a integridade, a veracidade, o prestigio e transparência deste modesto espaço - O Blog Teologando - bem como da teologia que é aqui exposta. Peço desculpas aos nobres leitores, e conto, humildemente, com a compreensão de todos. A paz de Deus!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A luz que emana do Evangelho da Graça


Por Danyhele Carlim

O Evangelho da Graça, se compara a luz forte da manhã!

Quando alguém abre a janela do seu quarto, ela choca nossa percepção, não conseguimos se quer abrir os olhos... Ficamos desorientados...

Paulo, ficou literalmente cego, na presença da Glória de Deus no momento de sua conversão. A Luz tem essa ambiguidade, duas faces!

Mas nem por isso ela deixa de ser luz, e uma luz maravilhosa! Que aquece nossa corpo e a nossa alma.


Esses dias me dei conta disso ao observar um cachorrinho na calçada, com os olhinhos fechados, ele se aquecia com o calor do sol, estava sentindo aquela presença, tinha um jeitinho de que estava gostando muito daquele momento!

Já alguns, pela ansiedade, medo, preferem fechar a janela novamente, em vez de se acostumar, abrir os olhos e enxergar toda a vida que existe lá fora e finalmente poderem andar com suas próprias pernas!

A Luz nos proporciona essa autonomia, de jogar fora nossas muletas, e sermos livres!

"Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão". (Gálatas 5.1)

sábado, 13 de setembro de 2014

Teria Jefté sacrificado a sua própria filha para pagar o voto a Deus, ou não?


Por Douglas Pereira da Silva


Analise Exegética de Juízes 11.29-40

Esta passagem é mais um texto de difícil compreensão das Escrituras Sagradas, pois inconscientemente, ao interpretarmos, temos a dificuldade de despirmos de todo o sistema e conjunto de crenças doutrinárias que adquirimos ao longo da nossa caminhada cristã.

Eis o maior desafio do exegeta Bíblico: é o de interpretar somente o que o texto sagrado diz, sem interferências doutrinárias, e sem auxílio da Teologia Sistemática.

Para ser fiel e extrair a interpretação fidedigna do texto sagrado, o exegeta deve se abster de pressuposições e preconceitos que se adquiri com os credos de Fé das denominações evangélicas, isto é, deve-se fazer perguntas ao próprio texto Bíblico e extrair as respectivas respostas do mesmo!

Ao discutirmos tal passagem, o irmão Alceu Figueiredo, que é um teólogo autodidata e exímio estudioso das Escrituras, apresentou a interpretação tradicional, aceita pela maioria das Igrejas Cristãs. Ele disse o seguinte:

"Jefté não sacrificou sua filha, como muitos acreditam, atribuindo o fato de ter morado com os Cananeus e adotado essa prática de sacrifício humano. Em Israel jamais existiu tal prática e Deus proibiu terminantemente que se fizesse sacrifícios humanos (Dt 18:9-12); logo Ele não iria se alegrar com o que proibiu. O voto de Jefté foi condenar sua filha a uma virgindade perpétua, e sendo ela filha única (Jz 11:33), isto significava ficar sem descendência. Veja bem que ele votou que ofereceria ao Senhor o que primeiro saísse de sua casa, logo não esperava sair um animal de dentro de casa. Notemos que a filha de Jefte chorou a sua virgindade, e não que iria morrer (Jz 11:37), e depois do voto ser cumprido ela manteve sua virgindade (Jz 11:39); finalmente de ano em ano ela recebia visitas de suas companheiras que viam lamentar [elogiá-la em algumas versões] (Jz 11:40). Ela foi servir no santuário como algumas mulheres faziam, no serviço de manutenção e provisão, e foi daí, que a cristandade tirou o modelo das “virgens enclausuradas.”

O Biólogo e entusiasta colecionador de Bíblias de Estudo, Márcio José Sérgio Ermida, sem titubear, foi mais enfático ainda em sua opinião:

"A Bíblia não se contradiz. E, na dúvida, permanece a doutrina oficial. Se Deus abominava (eu disse abominava) as nações cananeias por causa de seus pecados, e abominava seus pecados, por que de repente vai aceitar que um filho seu cometa uma abominação por voto? Fico com a doutrina que dura até hoje " Não matarás..."

Todavia, este simplório blogueiro acredita que Jefté sacrificou – literalmente – a sua filha! 

Para tanto, elencarei os motivos para a interpretação literal, o qual é facilmente extraída do texto aplicando minuciosamente as regras da Exegese:

a) Na época dos Juízes de Israel, cada um “fazia o que bem entendiam”, pois não tinham uma liderança centralizadora para guia-los, tal como fizera muitos anos antes Moisés e Josué, razão pela qual não obedeceram a voz do Senhor; casaram-se com as mulheres dos heteus, dos heveus, dos jerbuseus, dos cananeus e de todos os povos ao redor, dos quais o Senhor ordenará que não se casassem. (Juízes 2.11-3.6);

b) Certamente, Jefté estava familiarizado com as práticas da cultura e da religião pagã destes povos, devido a mistura de raças que houve na época por causa dos casamentos mistos, conforme explicamos anteriormente no item (a);

c) O texto de Juízes 11.29-40, não é um texto Normativo, mas sim Narrativo. No mesmo não está ensinando que Deus aprovou o voto de Jefté, e muito menos que devemos fazer sacrifícios humanos, mas está apenas narrando a loucura que este juiz praticou. Como exemplo de texto narrativo desta mesma categoria, citamos Gênesis 12.10-20, onde narra o episódio da mentira de Abraão – seu nome ainda era Abrão. Observem que o texto não dá margem, para a formação de doutrina, isto é, não há nada de Normativo ali. Muito menos, não vemos a pessoa de Deus sendo conivente e ainda aprovando a mentira de Abrão; mais ainda, tal como a passagem que estamos analisando, não temos o relato de alguma ação interventora de Deus repreendendo e impedindo Abraão para não mentir, Há outros textos Narrativos no Antigo Testamento - inúmeros na verdade - que o leitor poderá conferir posteriormente, porém, vamos nos limitar apenas neste único exemplo para a brevidade do presente artigo.

d) A palavra 
Holocausto sempre é usada no Antigo Testamento para descrever um sacrifício de sangue com oferta queimada. Confiram Gênesis 8.20; 22.7; Êxodo 29.18, Levítico 1.3; 1.17; 6.9; Juízes 13.16; I Samuel 7.9; 13.12; I Crônicas 16.40 etc. (obs.: são muitas passagens, todavia, para ilustrar como exemplo citarei apenas estas); 

e) O texto diz que a filha de Jefté foi chorar a sua virgindade, pois ainda não havia sido possuída por nenhum homem (v.37), todavia, esta informação é vaga para concluirmos que o sacrifício consistiu apenas em manter-se virgem por toda vida, e por quê? Porque a palavra Holocausto aparece no versículo 31, e conforme explicamos no item (d) sempre foi usada no Antigo Testamento, para denotar derramamento de sangue com oferta queimada, isto é, sacrifício - literalmente; se conferirmos todas as passagens Bíblicas no Antigo Testamento em que a palavra Holocausto é empregada, constataremos este fato!

Concluindo...

Será que o autor do livro de Juízes se equivocou, escrevendo a palavra errada - no caso Holocausto - para narrar este episódio?

Ou ainda, será que é um erro cometido por algum copista da antiguidade, ao reproduzir o livro copiando do Original?

Em todo caso, não há como provar estas duas possibilidades!

Aos que conhecem o idioma hebraico - a língua com que foi originalmente escrito o Antigo Testamento - e desejam se aprofundar no assunto em pauta, o versículo 31 de Juízes 11 está escrito da seguinte forma (a sentença "oferecer em holocausto" esta destacado em vermelho):

מה, מחוץ לדלתות של הבית שלי לפגוש אותי, כשאני חוזר בני עמון בשלום, זה יהיה יהוה, ולהציע אותו לעולה.


Teólogos de todos os segmentos afirmam que, de fato, Jefté não só votou que sacrificaria um ser humano como cumpriu o que prometeu. A Bíblia de Estudo de Genebra, por exemplo, faz o seguinte comentário a respeito da passagem em questão:

"Jefté derrotou os amonitas, mas, durante a batalha, fez um voto precipitado ao Senhor, com base no qual foi obrigado a sacrificar sua filha querida como holocausto. Ao contrário dos deuses pagãos, Deus não deveria ser adorado com sacrifícios humanos (Dt 32.17; Sl 106.37-38). O voto imprudente de Jefté mostra como lhe faltava fé para liderar; sem essa fé, sua casa não seria estabelecida".

Dentre os muitos colaboradores responsáveis pelos comentários da Bíblia de Estudo de Genebra, destacam-se homens como Mark Futato (Reformed Theological Seminary), R. Laird Harris (Covenant Theological Seminary), Meredith Kline (Gordon-Conwell Theological Seminary), Tremper Longman III (Westmont College), Raymond C. Ortlund Jr. (First Presbyterian Church of Augusta), Richard L. Pratt Jr. (Reformed Theological Seminary) e Bruce K. Waltke (Reformed Theological Seminary). Não sei exatamente quem escreveu os comentários do livro de Juízes. No entanto, sei que tal interpretação passou pelo crivo do editor responsável pelo Antigo Testamento, o Dr. Bruce K. Waltke, e do editor-geral, o Dr. Richard L. Pratt Jr.

Embora o sacrifício humano fosse proibido aos israelitas, não surpreende que um semi-cananeu tomasse tão estranha atitude. Caso paralelo é o do rei de Moabe, que sacrificou o seu filho primogênito (II Reis 3.27). Compare-se ainda, na mitologia grega, o sacrifício de Ifigênia e Policena. A nobreza de caráter manifestada pela filha de Jefté fez dela uma das heroínas mais célebres do mundo antigo.

Temos ainda, o caso do rei Manasses de Judá que queimou a seu filho como oferta de sacrifício em adoração as deuses pagãos (II Reis 21.6).

Autores como Josefo, Lutero, Matthew Henry, Jemieson-Fausset- Brawn, A. C. Hervey, H. A. Hofner Jr., E. J. Hamlin, etc., argumentam que a linguagem do próprio texto não deixa dúvidas de que Jefté realmente ofereceu sua filha em sacrifício. A favor dessa posição, temos - ainda - as seguintes observações:


a) Jefté certamente estava familiarizado com a prática de sacrifícios humanos das nações circunvizinhas (ver Juízes 11.1-3, 24); por isso foi fortemente influenciado por práticas pagãs de sua época;

b) O fato de haver sido usado pelo “Espírito do Senhor” na vitória sobre os amonitas não o tornou infalível em suas demais decisões;


c) Juízes 11.31 sugere claramente que a pessoa que primeiro saísse da casa de Jefté seria dedicada ao Senhor “em holocausto”;

d) A reação de Jefté em Juízes 11.35 seria exagerada se a questão envolvida fosse apenas a dedicação de sua filha em celibato ao Senhor;


e) Não faria sentido chorar “a sua virgindade” por “dois meses” (Juízes 11.38) já que a moça continuaria virgem e viva;



f) Se a filha de Jefté fosse apenas dedicada à perpétua virgindade, não necessitaria de dois meses para chorá-la, pois, teria a vida inteira para fazê-lo;

g) O próprio texto declara que Jefté fez com sua filha “segundo o voto por ele proferido” (Juízes 11.39);


h) No versículo 40, diz que as israelitas saiam de ano em ano para cantar em memória da filha de Jefté. Ora, ninguém canta em memória de alguém, se este alguém estiver vivo!


i) Os heróis da fé mencionados em Hebreus 11 não eram pessoas que nunca pecaram, e sim pessoas que alcançaram a vitória sobre os seus pecados (ver, por exemplo, Êxodo 2.11-15; Juízes 13.16; II Samuel 11.12).


Em todo o caso, o professor e mestre exegeta da Faculdade Teológica Batista de Osasco, teólogo com graduação especializada nos idiomas Hebraico e Grego pela Universidade de São Paulo, Edson da Mata, que também acredita em um sacrifício literal, fez a importante observação:

"Seja como for, a passagem de Jefté nos traz uma importante lição: cuidarmos de nossas palavras a fim de se evitar os diversos erros que cometemos, quando falamos sem pensar, sem medir, sem planejar. Estou certo que Jefté nem imaginava que poderia ser a sua filha a primeira a aparecer. Ele fez um voto de tolo, não cuidou em ser tardio no falar, tal como o apóstolo Tiago nos ensina em sua epístola. Creio ser esta, a maior lição que podemos extrair deste trágico episódio".

Portanto, conforme todas as observações listadas, este modesto aprendiz de teologia, acredita - sinceramente - que Jefté tenha cometido a loucura de sacrificar a sua filha, isto é, o mesmo fez um voto de tolo; sequer ele pensou que poderia ter sido sua própria filha que sairia ao seu encontro - tal como o professor Edison pontuou em sua opinião – votando impensadamente.

Agora é com vocês, queridos e diletos leitores do Teologando; toda essa questão permanece aberta à discussão e até hoje não se conseguiu chegar a um denominador comum.

Qual é a sua opinião à respeito?

ADVERTÊNCIA: As opiniões constantes no presente artigo, e as especulações teológicas existentes da passagem de Juízes 11.29-40, não refletem em hipótese alguma, matéria ou doutrina de Fé. Todavia, serve apenas como um aprendizado, e como curiosidade Bíblica e lúdica, para ampliarmos a nossa percepção intelectual. Seja qual for a visão teológica defendida, não traz quaisquer prejuízos para o duplo propósito das Escrituras Sagradas, e para a Fé Cristã.