sábado, 26 de julho de 2014

Há erros na Bíblia?


Por Douglas Pereira da Silva

Não! A Bíblia é a palavra de Deus, Deus não erra, portanto a Bíblia está completamente isenta de erros!

As Escrituras declaram enfaticamente que "é impossível que Deus minta" (Hebreus 6.18). Paulo fala do "Deus que não pode mentir" (Tito 1.2). Ele é um Deus que, mesmo que não sejamos fiéis, "permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo" (II Timóteo 2.13). Deus é a verdade (João 14.6) e assim também é a Palavra dele. Jesus disse ao Pai: "a tua Palavra é a verdade" (João 17.17). O salmista exclamou: "As tuas palavras são em tudo verdade" (Salmos 119.160).

Admitimos, porém, que existe algumas dificuldades na Bíblia, que muitas vezes requer do leitor conhecimento em História, Geografia, Ciências Naturais, Lingüística, Filosofia etc, a fim de que haja uma melhor compreensão da mensagem do texto sacro.

O próprio Senhor Jesus referiu-se ao Antigo Testamento, como sendo a Palavra de Deus que não pode falhar (João 10.35).

Paulo diz que toda Escritura é inspirada por Deus (II Timóteo 3.16).

Embora tenham sido homens aqueles que escreveram as mensagens, "nunca, jamais, qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo" (II Pedro 1.21).

O maior erro cometido na interpretação das Escrituras, é causado pelo próprio homem, pois se esquece de que somente os pergaminhos ORIGINAIS é isento de erros, e não qualquer cópia das Escrituras.

Quando os críticos descobrem um genuíno erro numa cópia (manuscrito) cometem outro erro fatal. Eles assumem que o erro se encontra também no texto original das Escrituras, no texto inspirado. Esquecem-se de que Deus proferiu o texto original das Escrituras, não as cópias. Portanto, somente o texto original é isento de erros. A inspiração não garante que toda cópia do original fique sem erros. Portanto, temos de levar em conta que pequenos erros podem ser encontrados em alguns manuscritos, que são cópias do texto original. Mas, de novo, como Agostinho de Hipona (354 - 430) com sabedoria observou, quando nos deparamos com um, assim chamado, "erro" na Bíblia, temos de admitir uma entre duas alternativas: ou o manuscrito não foi copiado corretamente, ou não entendemos as Escrituras direito. O que não podemos pressupor é que Deus tenha cometido um erro na inspiração do texto original.

Embora as atuais cópias das Escrituras sejam muito boas, elas também não estão isentas de erros. Por exemplo, II Reis 8.26 dá a idade de Acazias como sendo 22 anos, ao passo que II Crônicas 22.2 registra 42 anos. Este segundo número não pode estar correto, pois implicaria que Acazias fosse mais velho do que o seu pai. Obviamente, trata-se de um erro do copista, mas isso não altera a inerrância do original. Este erro, permanece ainda, nas versões ARC, BH, BJ e BJC, nas demais versões, os editores das Sociedades Bíblicas já corrigiram!

Devemos ser honestos e admitir esta dificuldade! Imagine você caro leitor, como era naquela época o trabalho de um copista; ora, toda tarefa era realizada de forma manual, com o próprio punho, pois a imprensa só foi inventada no século XV. Não havia estas grandes máquinas de impressão como vemos em uma gráfica de livros nos dias de hoje!

Seria muita ingenuidade de nossa parte, acreditar que os escribas não fossem capaz de cometer erros, em dados numéricos, nomes de cidades, nomes de personagens, localização geográfica, dados históricos, ainda que copiassem com todo o cuidado e zelo possíveis!

Algumas coisas temos de observar com respeito aos erros dos copistas. Em primeiro lugar, são erros feitos nas cópias, e não no original. Jamais alguém encontrou um original com um erro. Em segundo lugar, são erros de menor importância (com freqüência, em nomes e em números), que não afetam nenhuma doutrina da fé cristã. Em terceiro lugar, esses erros dos copistas são relativamente em pequeno número. Em quarto lugar, geralmente, pelo contexto ou por outro texto das Escrituras, podemos saber qual passagem incorre em erro. Por exemplo, no caso acima, a idade certa de Acazias é 22, e não 42, já que ele não poderia ser mais velho do que o seu pai.

A revelação de Deus dada ao homem - a Bíblia Sagrada - têm duplo propósito:

a) Cristológico: Revelar a pessoa de Cristo;

b) Soteriológico: Informar ao homem os meios providos por Deus, para a salvação de sua alma.

Portanto, quanto ao seu duplo propósito, as Escrituras que temos em mãos - que na verdade são cópias - são inerrantes, ou seja, não há erros em matéria de Fé; enquanto que em matéria de História, Geografia e dados numéricos, podem apresentar alguns equívocos e discordâncias.

Este simplório autor acredita, que as Escrituras são inerrantes de forma plenária somente nos ORIGINAIS, pois tudo o que temos hoje é: cópia, da cópia, da cópia, da cópia, da cópia...

Por isso é que existe a necessidade de possuirmos no minimo 6 diferentes versões e traduções da Bíblia Sagrada, para compararmos os textos a fim de extrairmos a correta interpretação e significado de uma passagem!

SOLA SCRIPTURA


Abreviaturas:

ARC - Almeida Revista Corrigida
BH - Bíblia Hebraica
BJ - Bíblia de Jerusalém
BJC - Bíblia Judaica Completa

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Quem é nascido de Deus não comete Pecado?


Por Douglas Pereira da Silva

“Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus” (I João 3.9 - ARC).
Será que não peca mesmo? 

Ora bolas, então a Bíblia está em contradição, pois na mesma epístola diz: 
“Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso (DEUS), e a sua palavra não está em nós” (I João 1.10 - ARC).
E mais:
“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós” (I João 1.8 - ARC).
E agora irmãos? Perceberam o tamanho da contradição? 

O que dizer então de homens que pecaram muito; dentre eles, Davi, Salomão, Manasses de Judá, Pedro e tantos outros santos do Antigo e Novo Testamento?

Ora, é fato bíblico que o crente peca (Provérbios 20.9; 24.16; Eclesiastes 7.20), pois, ele é enfraquecido pela carne (João. 3.6, “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.”). Tanto a realidade da presença do pecado na vida do crente quanto à nova natureza são vistas claramente na doutrina da santificação que envolve a correção de Deus (Hebreus 12.5-13).

Até mesmo o rei Salomão, reconheceu isto quando orava ao Senhor na dedicação do templo:
"Quando pecarem contra ti (pois não há homem que não peque), e tu te indignares contra eles, e os entregares às mãos do inimigo, de modo que os levem em cativeiro para a terra inimiga, quer longe ou perto esteja, E na terra aonde forem levados em cativeiro caírem em si, e se converterem, e na terra do seu cativeiro te suplicarem, dizendo: Pecamos, e perversamente procedemos, e cometemos iniquidade, E se converterem a ti com todo o seu coração e com toda a sua alma, na terra de seus inimigos que os levarem em cativeiro, e orarem a ti para o lado da sua terra que deste a seus pais, para esta cidade que elegeste, e para esta casa que edifiquei ao teu nome; Ouve então nos céus, assento da tua habitação, a sua oração e a sua súplica, e faze-lhes justiça. E perdoa ao teu povo que houver pecado contra ti, todas as transgressões que houverem cometido contra ti; e dá-lhes misericórdia perante aqueles que os têm cativos, para que deles tenham compaixão". (1 Reis 8:46-50)
Se não houvesse pecado na vida do crente, nunca haveria a correção. Se alguém que se acha crente, não conhece a mão de Deus que corrige seus filhos levando-os a serem “participantes da Sua santidade” (Hebreus 12.10), esse tal não tem razão nenhuma de se achar salvo.

Vamos entender, exegeticamente, o que na verdade o apostolo João estava dizendo em sua epístola, ao registrar que “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado":

1°) O apostolo João falava o idioma grego koiné, portanto, a respectiva epístola, assim como todo o Novo Testamento, foi escrito originalmente no idioma Grego.

2°) A interpretação correta do versículo em apreço, é que o verbo pecar, por estar aqui na terceira pessoa do singular do presente do indicativo, de acordo com a gramática grega, expressa a categoria de aspecto contínuo, o que significa dizer que traduz uma noção de ação ininterrupta; e que, portanto, o que João quer dizer aqui é que todo aquele que de fato é cristão não peca continuamente, isto é, não tem um estilo de vida pecaminoso como os ímpios; e que, se peca continuamente, não é cristão, não é de fato convertido; opinião essa defendida também, com pequenas variações, por Chaplin (1986, p. 258), Drummond e Morris (1990, p. 1434), Lopes (2004, p. 86, 94) e Wiersbe (2006, p. 649), nas obras de teologia sistemática, respectivamente.

3°) O verso em analise, esta transcrito da edição ARC. Esse é um dos motivos de existir erros na interpretação desta passagem; utilizar apenas esta versão da Bíblia Sagrada, e ainda criar mitos como este – que o crente não peca, só comete “pequenas falhas” ou "faltas", como querem alguns. Todavia, não sabem estes desavisados, que de acordo com o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a definição da palavra "FALTA" (vou copiar o 5° e o 9° significados, apenas) é: 5. culpa, pecado; 9. transgressão.

4°) Um bom exegeta das Escrituras Sagradas deve possuir no mínimo 6 edições e traduções diferentes, para efeito de comparação, para uma melhor compreensão e interpretação!

Elencaremos abaixo, o verso aludido de outras versões e traduções da Bíblia Sagrada:
“Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus" (ARA).
“Todo aquele que é nascido de Deus não prática o pecado, porque a semente de Deus permanece nele; ele não pode estar no pecado, porque é nascido de Deus” (NVI).
“Nenhuma pessoa que tem Deus por Pai permanece no pecado, porque a semente plantada por Deus está nele. Isto é, ele não pode continuar pecando, porque tem Deus por Pai” (BJC).
"Aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus" (ARIB).
"Quem é filho de Deus não continua pecando, porque a vida que Deus dá permanece nessa pessoa. E ela não pode continuar pecando, porque Deus é o seu Pai" (TB).
"Todo aquele que é nascido de Deus não se dedica à prática do pecado, porquanto a semente de Deus permanece nele e ele não pode continuar no pecado, pois é nascido de Deus" (KJA).

Conclusão: 

O cristão genuinamente convertido peca? Sim!. Mas ele pode permanecer no pecado continuamente como estilo de vida, igual os ímpios vivem? Não! E por quê? Porque o cristão é morada do Espirito Santo que é a “divina semente” plantada em seu coração; de modo que o Espirito o conduzira ao arrependimento, convencendo-o do pecado cometido!

Entendeu porque sentimos uma terrível tristeza quando pecamos contra o nosso Deus, e depois ficamos angustiados pedindo perdão? O apostolo Paulo respondeu esta pergunta para os crentes corintianos:
"Porquanto, ainda que vos contristei com a minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo. Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte". (II Coríntios 7:8-10)

Abreviaturas:

ARC - Almeida Revista Corrigida
ARA - Almeida Revista Atualizada
NVI - Nova Versão Internacional
BJC - Bíblia Judaica Completa
ARIB - Almeida Revisada Imprensa Bíblica
TB - Tradução Brasileira
KJA - King James Atualizada

segunda-feira, 21 de julho de 2014

O Cão e a Porca


Por Douglas Pereira da Silva

"Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama". (II Pedro 2.20-22)

Os versos aludidos acima, é aplicado, muitas vezes, com o intuito de amedrontar os neófitos e àqueles que desconhecem a palavra de Deus - a Bíblia Sagrada - a fim de ludibria-los com relação a sua permanência e assiduidade em uma determinada organização religiosa, e também, para justificar a tese de que o cristão pode perder a sua salvação.

Em um determinado culto onde este simplório autor estava presente, o ministro ensinou (ensinou?) para toda congregação que "aqueles que abandonassem essa Graça - (Graça?) - seria como o cão que volta ao seu próprio vomito e a porca lavada que volta ao lamaçal".

Vejam o que a falta de conhecimento Bíblico que é um pré requisito para o obreiro de Deus (II Timóteo 2.15), tem feito a cristandade desta era! 

A cada dia, temos testemunhado ministros, cooperadores e pregadores do evangelho (pregadores do evangelho?) que defende o seu grupo denominacional, com todo o orgulho e pompa sob a égide de estar no "caminho santo, puro e verdadeiro" - se esquecem ou mal sabem estes desavisados que o verdadeiro Caminho, a Verdade e a Vida, é Cristo (João 14.6) - em detrimento a um compromisso sério com a palavra de Deus e com o Deus da palavra.

A passagem em questão não se aplica a crentes que se desviaram, que deixaram de congregar, que caíram em pecado ou que migraram para outra denominação.

Isso é mais claro do que a luz do dia ao analisar o contexto - o que esta escrito antes - destes versos  finais da epístola de Pedro!

E mais, em momento algum nas Escrituras Sagradas o cristão é chamado, ou classificado, como CÃO ou PORCA.

O cristão é chamado de OVELHA pelo próprio Senhor Jesus (João 10.27). 
Esta já é uma evidencia mais do que suficiente para crermos que o apostolo Pedro não estava falando de forma alguma, de crentes que se desviaram ou caíram em pecado.

Ora meus queridos leitores, na hipótese de haver um crente que cai em pecado ou que se desvia dos caminhos do Senhor, ainda assim ele será tratado como OVELHA, isto é, ele não perde sua natureza dada pelo próprio Deus, ele é NASCIDO de Deus (I João 3.9); daí pergunto: pode alguém DESNASCER?
Certamente, querido leitor, você esta acostumado a ver pessoas nascerem; mas você já viu alguém nascer e depois desnascer? Estou certo que NÃO!

O Senhor Jesus nos ensinou na parábola da OVELHA PERDIDA (Mateus 18.10-14; Lucas 15.1-7), que o bom Pastor sai em busca para resgatar a OVELHA que se perdeu; Ele sai pelos montes e vales com o objetivo de resgata-la, de recupera-la; nem que para isso seja necessário deixar as demais ovelhas no aprisco e sair em busca daquela única OVELHA que se transviou.

Será que o bom Pastor - que é Jesus Cristo (João 10.11) - falharia em sua missão, deixando a sua ovelha perecer no pecado? É bem certo que NÃO (João 10.27-30).

É tal como o Filho Pródigo que saiu da casa do Pai para "curtir" a vida, mas que, contudo, ele nunca perdeu a posição e o privilégio de ser FILHO - ainda que tenha se ausentado do convívio do Pai de forma completamente descarinhosa, ao exigir a sua parte na herança com o Pai estando vivo (Lucas 15.11-32); contudo, voltou arrependido e seu Pai o recebeu carinhosamente, trocando-lhes as vestes, e ainda, promovendo uma grande festa para comemorar o retorno do FILHO. 

Analisando o contexto desta carta do apostolo Pedro, encontramos mais evidencias de que os versos não se referem a crentes. Vejam só, alguns dos adjetivos que Pedro usou na passagem:

(v.1): falsos profetas, falsos mestres;

(v.3): avarentos, mentirosos;

(v.10): atrevidos, arrogantes;

(v.12): irracionais;

(v.14): adúlteros, insaciáveis no pecado;

(v.17): fontes sem água;

(v. 19): escravos da corrupção;

Destarte, Pedro estava falando dos falsos mestres que mercadejam a palavra de Deus (II Pedro 2.3), e que receberam o conhecimento da verdade (II Pedro 2.20). Receber o conhecimento da verdade, é completamente diferente de viver na verdade! - Um bom exemplo disso é Judas Iscariotes.

CÃES e PORCOS eram animais impuros segundo a Lei dada aos judeus, portanto aqui representam pessoas em seu estado natural que não foram regeneradas, isto é nunca nasceram de novo e nem creram verdadeiramente no Senhor Jesus. Por isso elas voltam para as mesmas impurezas que continham antes de terem ouvido falar da verdade. Em sua carta Pedro faz alusão a Provérbios 26.11 que diz "Como o cão torna ao seu vômito, assim o tolo repete a sua estultícia".

O CÃO que volta ao vômito e a PORCA que volta à lama de onde saiu nos falam da apostasia, que é o abandono da verdade por aqueles que apenas a professam sem nunca a terem incorporado realmente. Nem o CÃO, nem a PORCA foram transformados em OVELHAS pois continuaram com a mesma velha natureza sem terem recebido uma nova. Seu final será inevitavelmente voltar às origens. É por isso que muitas vezes ouvimos falar de pessoas que "se converteram" e depois se tornaram ateias ou passaram a combater a fé cristã. Elas nunca haviam se convertido de verdade, apenas se comportaram como cristãs durante algum tempo - mais uma vez, Judas Iscariotes é um ótimo exemplo disso, bem como os anticristos que estavam surgindo na comunidade joanina (I João 2.18-19). 

A passagem mostra que pessoas que têm contato com a verdade podem ser separadas exteriormente da corrupção que há no mundo pelo conhecimento de Cristo (conhecimento intelectual apenas), porém mostra também que pessoas assim, que nunca se converteram, ficam piores do que antes quando não tinham qualquer contato com a verdade e nem a professavam. Com o conhecimento vem também a responsabilidade e as penalidades são maiores, como explicou o Senhor Jesus em Lucas 12.47-48:

"E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá". 

Com relação a perda da salvação, quem se utiliza destes versos para ensinar tal heresia, esta cometendo uma grande loucura por contradizer - e até chamar de mentiroso - o próprio Senhor Jesus em João 10.27-30:

"As minhas OVELHAS ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mãoMeu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu PaiEu e o Pai somos um".

Se uma PORCA e uma OVELHA caírem num lamaçal, a PORCA vai querer ficar lá pois é de sua natureza própria viver no chiqueiro; mas a OVELHA fará de tudo para sair, pois não é de sua natureza viver no lamaçal do chiqueiro.

Do mesmo modo, tanto o incrédulo como o crente podem cair no mesmo pecado, mas o crente não pode permanecer nele, sentindo-se confortável (Gálatas 5.17).

Para concluir nossa exegese, em versículo algum de II Pedro 2, descreve um cristão desviado, sem congregar, em pecado ou que se mudou para outra denominação. 

Nem ao menos existe um exemplo Bíblico de alguma OVELHA do Senhor Jesus, que tenha se transformado em CÃO e PORCA!

sábado, 19 de julho de 2014

Como Ler e Interpretar a Bíblia Sagrada?


Por Douglas Pereira da Silva

Muitas dúvidas e confusões - para não dizer aberrações - de práticas doutrinárias nas denominações evangélicas de um modo geral, se deve de forma primaz a falta de uma boa Hermenêutica Bíblica, que é a arte e ciência de interpretar os livros sagrados e os textos antigos.

Os dois principais objetivos desta ciência é: 

1°) Tornar o autor contemporâneo do leitor, aproximando-os à compreensão da mesma época. Neste sentido, nós leitores, devemos compreender o escritor na época em que o texto foi escrito e não na época em que estamos lendo o texto sagrado;

2°) Esclarecer tudo que haja de obscuro, isto é, tornar o assunto compreensível para uma posterior exposição (II Pedro 3.15-16). Infelizmente, é possível dizer a verdade de forma errada, ou seja, nas Escrituras Sagradas encontramos a verdade, mas por falta de conhecimento é possível ensinar ela de forma errada.

Além disso, é mister reconhecermos que há uma diferença enorme entre INTERPRETAÇÃO e APLICAÇÃO

A INTERPRETAÇÃO é o significado pretendido pelo autor, ou seja, por Deus. A interpretação bíblica deverá extrair do texto apenas o que Deus pretendia dizer através do autor humano, e não o que nós pretendemos que o texto diga.

Já, a APLICAÇÃO, podem ser várias, dependendo da situação e necessidade em que as pessoas se encontram.

Os dois métodos hermenêuticas mais conhecidos e usados nos dias de hoje pela cristandade, é o ALEGÓRICO (infelizmente, para a tristeza deste autor este é o método hermenêutico mais usado e prevalecente na igreja atual), e o LITERAL-HISTÓRICO-GRAMATICAL.

O método alegórico de interpretação é fantasiosa e herética; este método é o responsável por estas aberrações doutrinárias que testemunhamos em nossos dias - "pecado de morte", "batismo salvífico", "teologia da prosperidade", "unção do riso" etc. Além disso, o interprete que aplica este método atribui o sentido que preferir às palavras de Deus, de modo que a autoridade final fica sendo o homem, e não Deus, ou seja, ele interpreta as Escrituras Sagradas conforme sua imaginação e criatividade, desvirtuando descaradamente o real significado do texto, roubando o verdadeiro sentido, que o Espirito Santo intentou transmitir.

Um bom exemplo do caráter deste método de interpretação, fica manifesto na conhecida interpretação alegórica de Orígenes de Alexandria (185 - 254) da parábola do bom samaritano (Lucas 10.30-37). Segundo ele, o homem atacado pelos ladrões simbolizava Adão (a humanidade); Jerusalém, os céus; Jerico, o mundo; os ladrões, o diabo e suas hostes; o sacerdote, a lei; o levita, os profetas; o bom samaritano, Cristo; o animal sobre o qual foi colocado o homem ferido, o corpo de Cristo (que suporta o Adão caído); a estalagem, a igreja; as duas moedas, o Pai e o Filho; e a promessa do bom samaritano de voltar, a segunda vinda de Cristo. Outro exemplo do caráter desse errôneo método de interpretação pode ser percebido nas diferentes interpretações alegóricas atribuídas as duas moedas mencionadas nessa parábola: o Pai e o Filho, o Antigo e o Novo Testamento, os dois mandamentos do amor (a Deus e ao próximo), fé e obras, virtude e conhecimento, o corpo e o sangre de Cristo etc.

Vejam que "viagem na maionese" queridos e diletos leitores do Teologando [risos], não foi absolutamente nada disso que o Senhor Jesus pretendia ensinar com a parábola do bom samaritano!

O método literal-histórico-gramatical é fundamentado em pressuposições bíblicas quanto à própria natureza das Escrituras Sagradas, pois considera com zelo e maestria as características linguísticas e históricas do texto, prezando e priorizando a mensagem que o Senhor pretende comunicar ao homem!

O Senhor Jesus usou este método em Lucas 4.16-22, na sinagoga de Nazaré em um dia de sábado, quando leu as Escrituras no livro de Isaías 61. Observem que parte da profecia que o Senhor recitou, se cumpriu LITERALMENTE, enquanto que a parte b do versículo 2 em Isaías 61 - "[...] e o dia da vingança do nosso Deus" - o Mestre sequer mencionou esta parte e ainda não se cumpriu; pois aguarda o cumprimento que ocorrera em sua Segunda Vinda. 

Bem, isso já é um assunto para outro post, sobre Escatologia Bíblica. 

Confiram e comparem cada frase de Lucas 4.18-19 com Isaías 61.1-2. Jesus omitiu - ou pulou - propositalmente a parte "[...] e o dia da vingança do nosso Deus", que vai acontecer em sua Segunda Vinda!

Elencaremos abaixo, algumas diretrizes elaboradas por Agostinho de Hipona (354 - 430), em sua monumental obra De Doctrina Chistiana, que certamente vai auxiliar os nobres leitores deste humilde blog, em seus devocionais e estudos Bíblicos. Eis alguns destes princípios:

a) A Fé é um pré-requisito fundamental para o interprete da Palavra de Deus;

b) Deve-se considerar o sentido literal e histórico do texto;

c) O Antigo Testamento é um documento cristológico;

d) O propósito do expositor é descobrir o sentido do texto e não atribuir-lhe sentido;

e) O texto não deve ser estudado isoladamente, mas no seu contexto Bíblico Geral;

f) Se o texto for obscuro, não pode se tornar matéria de fé. As passagens obscuras devem dar lugar às passagens claras;

g) O Espirito Santo não dispensa o aprendizado das línguas originais, geografia, história, ciências naturais, filosofia etc;

h) As Escrituras Sagradas não devem ser interpretadas de modo a se contradizerem. Para isso, deve-se considerar a progressividade da revelação Bíblica.

obs.: Ainda há muitas outras informações de grande relevância para o nosso aprendizado na interpretação e aplicação Bíblica, que infelizmente, não será possível descrever aqui e cobrir toda a matéria neste conciso espaço. 

Para tanto, registrarei abaixo uma pequeníssima bibliografia para àqueles que desejam se aprofundar no assunto!

SOLA SCRIPTURA

Bibliografia:

BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2008.
HENDRICKS, Howard G. Vivendo na Palavra - A Arte e Ciência da Leitura da Bíblia. São Paulo: Editora Batista Regular, 2010.
PENTECOST, J. Dwight. Manual de Escatologia. São Paulo: Editora Vida, 1998.
VIRKLER, Henry. Hermenêutica Avançada - Princípios e Processos de Interpretação Bíblica. São Paulo: Editora Vida, 2007.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

"Graça" ou "Obra de Deus"?


Por Douglas Pereira da Silva

É muito comum - e costumeiro também - na cultura oral dos ensinamentos e pregações extra-bíblicas, classificar a denominação cristã deste modesto autor como a "OBRA DE DEUS"; pior ainda é chama-la de "GRAÇA".

A falta de conhecimento Bíblico é tão grande, a ponto de causar terríveis prejuízos ao cristianismo Bíblico!

Fiquei estarrecido - para não dizer envergonhado - ao encontrar nas redes sociais, em pleno século XXI, pessoas que ainda teimam em dizer que a CCB é a "GRAÇA DO FILHO DE DEUS NA TERRA".

Ora meus irmãos, Graça é favor imerecido - conforme nossa irmã Regina Farias dissertou no artigo "Graça, o favor imerecido!".

Acreditar que a CCB é a GRAÇA de Deus, é chafurdar o Evangelho de Cristo; é jogar na lata do lixo dois mil anos de cristianismo, tendo em vista que esta nobre denominação foi fundada em 1910. 

Conforme opinou - corretamente - nosso irmão Alceu Figueiredo:

"É declarar a incapacidade de Jesus de ter que esperar 1877 anos (ano 33 da morte de Cristo até 1910) quando Luis Franciscon, então, pode levar o Evangelho às nações. Não façamos de Franciscon um anticristo, porque ele foi um grande servo de Deus, e leiam o que ele escreveu, embora tenham adulterado hoje, mas ele deixou escrito assim, acerca da obra à ele confiada: "Resumo de Uma Ramificação, da Obra de Deus, pelo Espírito Santo, no Século atual". Precisa mais? Ou será que Ramificação não quer dizer mais Ramo?".

Significaria dizer, também, que Abraão, Moisés, Davi, Pedro, Paulo e tantos outros crentes do Antigo e Novo Testamento, não foram salvos! O que é absurdo - OBVIAMENTE!

Quanto a "OBRA DE DEUS"...

Estão redondamente equivocados aqueles que dizem ou pensam que a CCB é a "OBRA DE DEUS"Ora, tal afirmação está longe de ser Bíblica; muito pelo contrário, é completamente herética por contradizer a Bíblia! 

A CCB só é mais uma denominação religiosa como qualquer outra; uma organização que foi constituída por Deus para pregar o Evangelho, proclamando as boas novas de salvação - ainda que negligencie isso ou o faça de forma completamente precária!

Obra de Deus nas palavras do próprio Senhor Jesus, é crer naquele que o Pai enviou: o Senhor:
"Jesus respondeu: A obra de Deus é esta: crer naquele que o Pai enviou". (João 6:29)

Destarte, dizer que esta ou aquela denominação religiosa é a "GRAÇA" ou "OBRA DE DEUS", é colocar outro fundamento, é invalidar a obra do Senhor Jesus!

Deus me livre de cometer tal blasfêmia e vitupério!

Portanto, nem GRAÇA e menos ainda, OBRA DE DEUS!

Graça, o favor imerecido!


Por Regina Farias

A GRAÇA nos dá o que não merecemos.
E a MISERICÓRDIA não nos dá o que merecemos.

Vejam que coisa maravilhosa que só um PAI amoroso é capaz de realizar em nossas vidas!

As obras, por sua vez, são CONSEQUÊNCIA NATURAL do Espírito que habita na pessoa. Nada tendo a ver com um tipo de negociata velada que alguns religiosos fazem com Deus. Assim, eu pergunto: qual a diferença desta para a barganha pregada em outras igrejas e que conhecemos por ‘teologia da prosperidade’? Ora, não somos ingênuos (tolos) para não sabermos que só mudam os termos e o tipo de negociação. Naquelas, se prega uma escancarada bênção material se seguirmos alguns passos. Mas, convenhamos, a negociação paganista é a mesma em outras que repudiam essa ‘teologia’.

Senão, vejamos:
Se eu conseguir tal coisa eu vou cumprir tal voto.
Se eu agir assim, já tenho garantido pra mim um lugar celestial.
Se eu cumprir todas as regras supostamente divinas estará anotado no livro (?) que vai me garantir seguranças eternas.

E por aí vai...

Esse ‘eu, eu, eu’ denuncia não apenas um esforço próprio pra se conseguir o céu, como ainda um tipo de barganha sutil com fortes doses de emocionalismos e manipulação com o divino. E apenas quem está totalmente fascinado pelo doutrinamento não consegue enxergar algo tão nítido.

Vemos dizerem ‘estamos na Graça’, mas na prática da 'vida cristã', o que vemos é pura hipocrisia: aceita-se a Graça, colocam-se acréscimos e escravizam as mentes colocando jugos pesados impossíveis de suportar.

Ora, se estamos na graça, deveríamos ser diferentes, ou seja, deveríamos ser, naturalmente, exemplo de amor, compreensão e respeito para com 'os que estão de fora' e que ainda não receberam a graça na Pessoa de Jesus Cristo como Salvador.
Cristo não morreu por quem está dentro de determinada denominação e sim, por toda a humanidade. E todos que se achegam a Cristo de modo algum voltarão vazios.

Graça significa favor imerecido.
Ninguém merecia o favor do Senhor!

Não havia um justo sequer! 
Todos pecaram e destituídos estavam da Glória de Deus!
Fomos justificados pela fé em Cristo, não por nossos méritos ou por nossas boas ações.

Caramba, e o religioso não entende isso?! Será mesmo que a mente está assim tão cauterizada pela determinação doutrinária?

Pessoas que dizem ‘estar na graça’, não respeitam o seu semelhante, esnobam, agridem, quando não silenciam em seu prazer mórbido, ou dizendo em voz baixa uns aos outros: ‘deixem-na! Ela não entende porque isso não é pra ela, nós é que somos os queridinhos do Pai, deixa ela arder no inferno’.

Ostentando uma fé que beira o fanatismo, massacram ‘os outros’, com arrogância, orgulho e exclusivismo.

Como se isso fosse o caminho para a santificação...